RELIGAR CONHECIMENTOS PARA AGIR DIANTE DA INCERTEZA

 RELIGAR CONHECIMENTOS PARA AGIR DIANTE DA INCERTEZA

Mensaje abierto de Doctora Maria da Conceição de Almeida | Año 2014
Brasil | Miembro del Consejo Académico de Multiversidad Mundo Real Edgar Morin

O século 21 nasceu no interior de um cenário emoldurado por diagnósticos sombrios. A ciência, conhecimento hegemônico da sociedade mundializada, não se constitui mais no discurso da verdade única, da predição de futuro, nem da resolução para todos os problemas que afligem as populações humanas, o ecossistema, o planeta Terra.

Fragmentada em saberes que não se comunicam, a cultura científica e a da cultura humanista são, isoladamente, míopes diante da complexidade dos fenômenos. A ocidentalização do planeta; a emergência de fundamentalismos adormecidos; a imposição de uma “monocultura da mente”, conforme expressão de Vandana Shiva; e a expressão de ditaduras políticas disfarçadas em messianismos democráticos, são alguns dos sintomas de uma civilização que conjuga avanços tecnocientíficos e a ausência de uma ética alimentada pelos valores da diversidade cultural, das forças da conjunção, hospitalidade, amorosidade.

Ao lado desses diagnósticos sombrios, prognósticos realistas e ousados já foram anunciados. Sob o signo da incerteza, do otimismo e da esperança, Ilya Prigogine e Edgar Morin advogam ser possível identificar, escolher e projetar forças de regeneração capazes de desviar o trajeto de uma catástrofe social. Reservas antropológicas estariam prontas para serem acionadas por indivíduos e grupos culturais que tenham por horizonte uma sociedade mais justa, mais igualitária, cooperativa, una e diversa ao mesmo tempo. É disso que fala Morin quando se refere a “Um pensamento do sul”.

Da parte de Prigogine, longe do sentido de paralização e de perplexidade, a noção de incerteza é um operador cognitivo que mobiliza o cidadão diante do que não está determinado. Se “o futuro não está dado”, depende em grande parte de cada um de nós. Das escolhas que fazemos. Da destreza em perceber o que está em flutuação, de operar bifurcações capazes de inaugurar novos caminhos na política, nas organizações sociais, na vida pessoal. Da arte de religar saberes diversos. De compreender as dimensões distintas e complementares de um mesmo fenômeno, problema.

Não vivemos, apenas hoje, na “sociedade do conhecimento”, malgrado a qualificação atribuída às sociedades atuais e que, em grande parte, responde pela compreensão do conhecimento e da educação como valores mercantis, de troca. Todas as culturas em qualquer tempo foram e serão sociedades do conhecimento. O desafio que temos diante de nós é como agir diante do crescimento exponencial das informações. Como trata-las transformando-as em “conhecimento pertinente” como sugere Edgar Morin.

Dessa perspectiva, as instituições educacionais que se afinam com os princípios e o método complexo edificados por Edgar Morin, não respondem por um modismo atual do mundo das ideias. Tais casulos de uma formação complexa, porque transdisciplinar, expressam mais propriamente apostas para refundar uma politica de cidadania responsável pelos destinos da Terra-Pátria, uma ética do pensamento capaz de agir no local e no global. A Multiversidad Mundo Real Edgar Morin, em conjunto com outros centros importantes educacionais na Amèrica Latina, se constituem em cenários abertos para a auto-formação de um sujeito capaz de pensar complexo e agir na incerteza.

Nesse ano de 2014, e vivamente alimentada pelo signo da incerteza, expresso minha esperança na regeneração e consolidação das forças democráticas de nossa America Latina. Porque acredito que a complexidade é a politização do pensamento nas sociedades contemporâneas.

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Multiversidad Mundo Real Edgar Morin 
Centro Internacional en Línea de Altos Estudios para la Innovación Social desde la Complejidad y la Transdisciplinariedad
www.multiversidadreal.edu.mx